. Calmaria .

De fato, o humor em que me encontro hoje não tem descrição lógica nem para mim. A sensação é de estar em um filme noir, em cenas de câmera lenta, tiroteios de balas traçantes, um colorido escuro, uma escuridão colorida, em alguns cantos claro demais e em outros paisagens um tanto quanto verdes e cinzentas. É isso: estou cinza.

Algumas coisas não muito agradáveis têm acontecido, e percebi que ano passado foi a mesma coisa, inferno astral chegando eu creio. E dessa vez ao invés de sofrer horrores, cortar os pulsos, sofrer de impulsos e ansiosidade, eu pairo numa calma quase tediosa, numa união de sentimentos que nunca senti.

Estou parada. A luta acabou e eu não estou mais disposta a lutar, larguei a espada, tirei a armadura, desci do meu cavalo, desci da minha torre. Parei.

E nisso, nessas coincidências que nem sempre existem, eis que abro o jornal e leio meu horóscopo que diz: "A energia forte que está chegando do céu está mexendo com os seus relacionamentos e trazendo a sensação que a qualquer momento pode acontecer alguma coisa muito importante. Dê um pouco de tempo ao tempo. Nem sempre é a nossa vez de jogar."

Tenho que concordar, não é mais a minha vez de jogar, já joguei e muito, a minha vez de jogar já passou. E por isso estou novamente deixando levar, sem preocupações maiores, sem problemas maiores, apenas esperando o que está por vir e mesmo assim não esperando tanto assim. Estou esperando a próxima jogada de quem quer que seja, de qualquer lado que seja, de qualquer lugar que seja.

O momento é de reflexão, o momento é de esperar, o momento é de sentar, apreciar a vista e terminar de ler aquele livro do Caio já pensando em adquirir o próximo. E deixar a calmaria acontecer e me levar.

. Nina .