23/07/2008


. Cartas que não enviei . Volume 2 .

Eu duvido.

Duvido muito que você pense em mim, do mesmo jeito que eu. Pois, penso em você. Não sei se isso é bom, se é ruim, se é pagar paixão, não sei, mas penso. Hoje não penso da mesma forma, ainda tenho carinho, muito, mas não te vejo mais do mesmo jeito, não acredito mais na idéia que criei de você, não acredito mais que você valha a pena (triste). E ao lembrar de cada atitude linda sua, repenso se esta ou aquela foi verdadeira, se não foi só mais uma maneira para levar uma mulher para cama. E percebo que no fim eu fui e sou apenas mais uma para você.

Duvido que você tenha noção do que realmente fez, duvido. Duvido, pois você está encantado com a confiança que tem sentido em relação ao seu corpo, a sua condição de solteiro. Um cara que deve ter sido um adolescente não muito requisitado, magro, estranho, sem uma menina que o quisesse, e que agora possui tudo que sempre quis: corpo, carro, dinheiro e ainda se depara com o mundo te oferecendo mulheres em grandes bandejas a todo momento e em todo lugar. Realmente deve e sobe à cabeça (sem trocadilhos maldosos, por favor), eu entendo, eu entendo. Mas sabe? Duvido que você se sinta completo no fim do dia, duvido. Duvido que não sinta falta de alguém com quem conversar e com quem possa ser você de verdade. Duvido que no fim da transa você sinta que aquilo ali foi especial, duvido que se sinta acolhido. E duvido que isso importe para você.

Duvido que você saiba o real sentimento que me percorreu por esses 5 meses (nossa!), duvido que tenha a real dimensão do que eu fiz por você e do que você fez por mim. Duvido que saiba o que realmente perdeu.

Duvido que você saiba o que realmente os seus amados amigos pensam de você ao verem esse seu comportamento se repetir a cada dia que passa, de bar em bar, de mulher em mulher, de galho em galho, não tendo respeito por nenhuma delas e nem por si.

Duvido que tenha se apaixonado alguma vez na vida a não ser por si mesmo. Duvido que tenha me olhado uma vez com admiração, duvido que ao me beijar seu coração tenha vindo à boca, duvido que tenha tremido de nervoso por saber que iria me encontrar, duvido que tenha ficado gelado por saber que ao seu lado poderia estar o amor da sua vida, eu duvido.

Duvido que ao sumir você tenha imaginado que eu desistiria, duvido que imaginou que te veriam com outra no nosso lugar, duvido que esperava ser pego em flagrante. Duvido também que tivesse me cortado dos seus planos, que tivesse esquecido minha existência, afinal, ninguém quer perder um bom estepe.

Duvido que não tenha ficado com medo de se envolver de verdade, de pela primeira vez sentir o coração bater mais forte, mas por isso você teria de abrir mão dessa vida promíscua que tem levado.

Duvido que alguém te diga o quanto soa ridículo um homem de 25 anos trocar de mulher como quem troca de roupa, ou o quanto é ridículo expor seus amigos (ditos os melhores) a essa situação. Duvido que pense neles ou nelas, duvido.

Não, não estou aqui para te dar lição de moral, não sou santa, não quero aqui fazer parecer que sou a última que poderia te amar, ou que amo, ou que o que sinto por você é muito especial, não. Eu só duvido.

Mas ao mesmo tempo não tenho dúvidas de que você tem medo. Medo de ser mais um, medo de sofrer, medo de não ser amado, medo de acabar como os seus, medo de só ter esse momento para viver isso tudo, medo de ser você mesmo, medo de ser simplesmente e medo de ouvir deles ou de mim isso tudo que você sabe que merece e precisa ouvir.

Não duvido que você esteja simplesmente fugindo, fingindo, jogando, se escondendo. No fim, querido, no fim você vai estar no meio de tanta gente que realizou o seu sonho e você vai pegar a primeira que aparecer sem sequer amá-la ou ser amado e por puro comodismo ou medo da solidão, você vai ficar com ela. E talvez um dia pense em mim do jeito que eu penso em você agora, mas por ter me perdido, ou pense em outra por tê-la pedido também e vai ver que deixou mulheres que te amaram para trás, e que o tempo, lindo, não volta.

Disso eu não duvido.

. Nina .

Um comentário:

  1. Olha, acho que em algumas semanas eu poderia escrever este texto. No momento dói demais. Mas eu chego lá.
    A gente supera, Nina. Força na peruca, moça!!

    ResponderExcluir

 
Desvaneios de Madrugada - Copyright © 2016 - Todos os direitos reservados.
imagem-logo