05/07/2008


. Lamentações .

Lamentando aqueles dias em que nada deu certo, onde nuvens fofas de algodão tornaram-se tempestades exorbitates, e onde vendavais descontrolados desarrumaram seus cabelos recém penteados com a delicadeza de quem se arruma para ver o dia dar certo, lamentou. Lamentando continuou ao ver o telefone mudo em cima da mesa de cabeceira, lamentou os dias em que seguiria seu caminho só novamente, lamentou o silêncio que escolhera para si naquele momento, lamentou o barulho que não mais ouviria. E seguiu em frente, pois nada mais poderia ser feito naquele momento senão seguir. Desmoronou uma ou duas vezes ao ouvir frases românticas, ao ver cenas iguais, e ouvir músicas que falavam sobre ela, desmoronou ao perceber que continuava onde tinha parado da última vez. Lamentou. Muito. Mas não perdeu as rédeas da vida que se seguiu, não perdeu o caminho que lhe foi traçado, simplesmente continuou.

E de outra forma, não lamentou ter se exposto, não lamentou ter a sinceridade que lhe coube e quando lhe coube, não lamentou saber que o que não aconteceu não dependeu de suas atitudes. Fez, chorou, abraçou, beijou, sentiu. Amou. Sentiu forte, sentiu transbordar da sua alma, uma, duas, três vezes. Sentiu. Lutou, lutou debaixo de fogo, debaixo de água e até quando foi soterrada, até quando afogou-se em si mesma. Defendeu. Estendeu as mãos, foi companheira, pôs as garras de fora, lutou. Sentiu que perdeu, sentiu que ganhou. Viveu. E não lamentou por isso.

E mesmo assim ainda jaz ali aquele sentimento tão forte que a fez mudar. E não lamentou mais. E seguiu, cabelos feitos, unhas pintadas, coração cheio de um sentimento platônico que nunca a deixará em paz, seguiu amando e sozinha, sozinha e amando. Seguiu na força que lhe é peculiar, seguiu no caminho que a vida mostrou, seguiu com a classe daqueles que não mais calam e não mais erram, seguiu.

. Nina .

Um comentário:

  1. E siga sempre, querida. Até achar aquele que vai te seguir junto.

    Beijos

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