03/08/2008


. Admito: Sou Dramática! .

Eu tenho a tendência trágica de cortar os pulsos todos os dias, faço isso fuçando o orkut, tentando descobrir o que não quero saber. Não faz bem, definitivamente não me faz bem. Mas tenho consciência de que é uma maneira de sentir o sangue ainda vibrar, o sangue ferver - mesmo que de raiva - por minhas veias de quase 1/4 de século.

E nessa onda diária de cortar pulsos me descobri dramática. Não daquelas que fazem escândalos, mas sinceramente? gostaria muito! Ando guardando tudo dentro de mim, ainda não consegui esbarrar de propósito em alguém (nele) na rua só para proferir os mais escabrosos palavrões, as mais verdadeiras verdades. Isso me faz perceber que não sou barraqueira, sou relamente dramática.

Curto a dor mesmo depois de já ter passado, tenho ilusões cognitivas para me maltratar mais ainda, vejo os filmes mais românticos para chorar compulsivamente (coisa que naturalmente eu não sei mais fazer), me faço de vítima por achar que o mundo anda conspirando contra mim, e em alguns momento até tenho razão nesse dramalhão todo.

Ando com a sensação de que o falecido tinha razão: "Aline, você não sabe viver sem sofrimento". Realmente, sempre achei perfeição demais uma bosta, felicidade constante sem uma briguinha sequer uma monotonia, e daí constatei mais uma vez: sou dramática. Tanto que acho que escrevi muito mais aqui sobre minhas desventuras do que sobre as venturas.

Admito: gosto do drama!

Na verdade, gosto do cômico também, afinal que tragédia não tem seu lado cômico? Ando me sentindo palhaça, por exemplo, nos dois sentidos da palavra, ando me sentindo divertidamente triste e idiota, ando fazendo piada da minha própria desgraça (olha o traçado dramático da palavra), mas ainda com uns reflexos da felicidade que um dia ousou passar por aqui. Ando me sentindo injustiçada, mesmo sabendo que o coração não é mandado pela cabeça, mesmo sabendo que fui maravilhosa e que é sempre a escolha de cada um ficar ou não com o maravilhoso, mesmo sabendo que o que anda acontecendo com ele nada tem a ver comigo mais.

Eu também fiz minhas escolhas, as faço todos os dias, escolhi por exemplo não dar ouvidos a ninguém e ir a luta, escolhi por ele e não por mim - burrice!!! - escolhi não perdê-lo e perdi, escolhi e esqueci que ele também tinha que escolher junto e ele não escolheu, não me escolheu.

Por isso, hoje na dramaticidade que me é peculiar decidi finalmente esquecer - sábia escolha, sábia decisão - decidi deixá-lo ir, decidi com toda a força não mais cortar meus pulsos todos os dias e não me esvair em sangue toda semana quando chega a sexta-feira. Decidi não pensar nele e nem no que ele faz ou deixa de fazer, decidi cuidar de mim e não mais procurar nada, decidi me deixar ser procurada.

Então, a dramática aqui quer passar a ser cômica. Deixar as tragédias gregas de lado, deixar o choro e a vela, enterrar logo esse andarilho sem personalidade, morrer o sentimento que mora aqui dentro e seguir.

Prometo mais alegria, mais bobeira, menos sabedoria de banheiro, menos lutas medievais em busca de príncipes que são sapos. Prometo agradar gregos e troianos, dar valor a dias escuros, prometo ser mais feliz sem deixar isso à cargo de qualquer par de calças que galanteia por aí.

Prometo aos meus (4) leitores assíduos que por aqui verão menos sangue e mais porpurina, pois esse mês (o mês do meu inferno astral) tudo vai ser diferente. Prometo que eu vou fazer a onda passar maior, mais rente à praia, e vou me divertir com os caxotes que ela eventualmente me dará.

Dramaticidade agora só na hora do banho, onde ninguém vê as lágrimas escorrerem, onde elas se misturam às águas que caem pelo meu rosto. De hoje em diante eu vou mudar o meu jeito de viver, sem ele, sem eles, e só em mim, comigo.

Bastou!

. Nina .


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