26/01/2009


. Ela .

Ela tinha urgência em ser amada, não entendia como só desejava aquilo da vida, como se caso houvesse um amor para ela o resto estaria resolvido. Pensava muito nisso nas horas em que passava sozinha olhando estrelas. Não se podia pedir a alguém para amá-la, deveria ser autêntico, coisa de cinema até, mas precisava ser amada sem pretenção, sem obrigação, apenas amor e se possível daqueles incondicionais. Achava que não seria, que não conseguiria. Achava que seu desejo deveria mudar, deveria sonhar com outra coisa que não o amor. Mas não conseguia, era força que a movia, era vento que soprava dentro dela. Ela amava incondicionalmente, se entregava, vivia, e tinha medo, pavor, horror do abandono que todos estão propícios a sofrer quando se jogam de cabeça. Era amor que ela almejava, era por amor que ela morria e vivia todos os dias, era amor que corria no sangue dela, era de amor que ela queria viver. Queria se libertar disso até, queria se libertar de tantas coisas, mas por enquanto não podia, não tinha como, não via como se livrar. O amor ainda era a única coisa que pertencia a ela, mas era fraca, se sentia fraca, não podia contar com o amor de ninguém. A vida mostrou a ela que as pessoas abandonam os navios, a vida mostrou a ela que ela tem que engolir os sentimentos e ir a luta sozinha. Ela não queria solidão, só queria um ombro, um abraço, uma voz ao telefone dizendo que não estava sozinha, que era amada, que tinha alguém ali com quem contar. Uma vez ela perdeu um amor, um amigo, o porto seguro, o chão.

Ela só não queria perder tudo de novo, não o que era mais valioso para ela: o amor que achou quando tudo parecia solitário, desacreditado, mentiroso e perdido. Ela não queria perder o amor.



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