Exercitar a paciência é viver à dois.
A gente aprende sobre si mesmo sozinho, não tenho dúvidas, mas vida à dois nos leva a outro nível de conhecimento de si, definitivamente. Crescer, ter personalidade própria, se amar é uma coisa. Saber de si sozinho é uma arte que não é muita gente que domina. Mas saber de si ao conviver com o outro, ah... isso é uma arte.
Um dia ele vai ser teimoso, muito, e você vai ter vontade de sacudi-lo para que ele acorde desse transe de teimosia, e isso estando à quilômetros de distância. E aí você vai fazer uma birrinha, vai ser mal criada, vai ser mimada e vai perceber que se tornou mais paciente, que não fez escândalo, que na verdade só se surpreendeu com como ele pode ser tão teimoso (mesmo já sabendo disso).
Aí você vai saber que evoluiu por não ter feito aquela piadinha sórdida, por não ter feito aquele comentário maldoso. Você vai perceber que está dominando a incrível arte de exercitar sua paciência, e que apesar de ter tido vontade de estrangular o pobre, não o fez por ter contado até 25 (porque até 10 é muito pouco para ira ir dormir) e ainda deu um boa noite lindamente somente sendo um cadinho irônica, pois é da sua natureza e nada vai mudar isso.
Nesse dia você vai ver que se relacionar, namorar, casar, etc, vai fazer você conhecer muito sobre si mesma. E você vai saber que tem coisas que só se pode sentir quando se tem alguém ao lado, quando tem alguém que se importa em implicar com o seu jeito de falar, com a sua gargalhada e com aquela gordurinha que você teima em querer perder mas continua ali do lado mas que ele adora apertar pra te deixar puta da vida. Você vai perceber que tem um lado que só existe porque tem aquele ser que te tira do sério ao lado. Vai perceber que a teimosia dele pode fazer de você se tornar a pessoa mais paciente do universo.
E aí você vai ter virado um monge budista de tanto amor e paciência que vai estar emanando.
Vida à dois é exercitar a paciência.
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