Chorava escondida enquanto ele
prestava atenção no lado do mundo dele. Escondia o rosto atrás dos cabelos,
virava os olhos para o computador para que ele não visse e nem imaginasse a
quantidade de lágrimas que havia ainda para chorar.
Era um grito abafado que existia
ali, um sofrimento absoluto que não podia compartilhar com o mundo, ou melhor,
que já não conseguia mais compartilhar com quem quer que fosse, até mesmo com
ele.
Sentia-se acuada, presa, mãos e
pés amarrados.
Sentia-se completamente sem caminho, sem opção, sem força para
mudar. Estava muda. Lágrimas nos olhos, grito abafado na garganta. Não podia se
mostrar tão frágil diante de toda a felicidade que havia entre os dois. A
fragilidade era dela, o momento de dúvidas, de incertezas, de quaisquer coisas
que gerassem as lágrimas que chorava, era exclusivamente dela.
Sentia-se só, não no amor, não na
vida, mas era uma solidão, uma falta, uma rebeldia, aquilo tudo que pertencia a
ela, aquilo tudo que preenchia ela e ao mesmo tempo a tornava tão vazia. Se
escondia entre os cabelos para que ele não percebesse que esse era um vazio
que, talvez, nem ele e nem ninguém pudesse preencher.
0 comentários: