23/09/2012


. Amarras vazias .




Chorava escondida enquanto ele prestava atenção no lado do mundo dele. Escondia o rosto atrás dos cabelos, virava os olhos para o computador para que ele não visse e nem imaginasse a quantidade de lágrimas que havia ainda para chorar.

Era um grito abafado que existia ali, um sofrimento absoluto que não podia compartilhar com o mundo, ou melhor, que já não conseguia mais compartilhar com quem quer que fosse, até mesmo com ele.

Sentia-se acuada, presa, mãos e pés amarrados. 

Sentia-se completamente sem caminho, sem opção, sem força para mudar. Estava muda. Lágrimas nos olhos, grito abafado na garganta. Não podia se mostrar tão frágil diante de toda a felicidade que havia entre os dois. A fragilidade era dela, o momento de dúvidas, de incertezas, de quaisquer coisas que gerassem as lágrimas que chorava, era exclusivamente dela.

Sentia-se só, não no amor, não na vida, mas era uma solidão, uma falta, uma rebeldia, aquilo tudo que pertencia a ela, aquilo tudo que preenchia ela e ao mesmo tempo a tornava tão vazia. Se escondia entre os cabelos para que ele não percebesse que esse era um vazio que, talvez, nem ele e nem ninguém pudesse preencher.

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