13/01/2013


. Liberdade até a página 2 .


Quando a gente é solteira damos muita importância ao quesito liberdade. Não só solteira, é claro, mas quando não temos laços com ninguém, ser livre significa mais, é um mediador do que é a sua vida e do que não é. A gente preza ser livre, ter autonomia nas nossas coisas, poder sair para o chopp sem dar satisfação para nenhuma alma que se preze. A gente quer ser livre e muitas vezes por conta disso prefere ser solteira.

Ao mesmo tempo essa tal liberdade assusta no sentido de que sendo livre não temos ninguém ao lado para dar o suporte necessário em alguns momentos. A gente sente falta de o telefone tocar no meio daquela tempestade braba de verão e ser alguém perguntando se você está bem, se está molhada ou ilhada em qualquer lugar. A gente quer ter liberdade mas quer ter importância.

Aí,  por encargo do destino, o coração bate mais forte num encontro casual e você se deixa levar por aquilo que se torna aos poucos um compromisso, um amor, um namoro, um relacionamento sério. Claro que você continua querendo os chopps com as amigas, claro que ele também continua querendo os chopps com os amigos. E aí você jura que dessa vez não vai se podar e nem podar ninguém, afinal é adulta o suficiente para lidar com a individualidade daqueles que compõem o casal, e você realmente não liga para certos encontros, inclusive os seus. Você gosta de ter sua liberdade, acha saudável ele ter a dele também. 

Mas aí tem um dia, sempre tem um dia, que um de vocês questiona a liberdade.

Criou-se o hábito do respeito a individualidade para o bem da relação, mas nesse dia um de vocês começa a questionar se pode ou não reclamar do chopp com os amigos do outro. Não é que vocês queiram participar do ritual do bar, é que vocês não querem que o outro esteja naquele dia naquele lugar com aquelas pessoas. E agora, José? Como faz?

Fazer a compreensiva funcionou todas as outras vezes, mas dessa vez você queria mesmo era que ele largasse tudo para ficar vendo filme em casa com você. Fazer o solícito funcionou todas as vezes que inclusive você foi buscar ela no bar em que estava com as amigas, mas dessa vez você quer passar a tarde toda fazendo sexo com ela. E aí? Qual a solução?

Diálogo, conhece? É, conversar é a solução. Ok que você vai achar ele super machista e ele vai te achar ciumenta toda vida. Afinal o que é que tem um chopp no fim da tarde, não é mesmo? Mas o caso é que se ninguém falar nada, se ninguém disser que tinha planos diferentes a coisa vai desandar de uma maneira que nem Jesus na causa. 

Não é que você tenha que convencer ele de que a sua companhia é melhor que a de caras suados na tarde de domingo. Não é que você tenha que convencer ela de que sua companhia é melhor que todas as fofocas do universo com as amigas. A questão aqui é dizer que você prefere a companhia dela ou dele, que apesar de em todos os outros dias de chopp ter prezado a liberdade, a individualidade, hoje você quer namorar, quer ficar junto, quer aproveitar o tempo que a vida tem deixado cada dia mais corrido. 

Converse, a alma do negócio é não se privar das vontades e das palavras. Diga como se sente, as pessoas precisam saber isso, ainda mais alguém com quem você tem uma relação de amor.

Liberdade é bom e eu também gosto, mas a além de prezar a individualidade do outro, a gente tem, também, que preservar a vontade de permanecer a dois. Liberdade é bom, até a página 2, afinal se fosse para ser tão livre, a gente não tinha deixava a solteirice pra lá, né isso?

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