25/09/2013


. Especial Balzaca: Ah Balzac... por Aline Netto .

Ah Balzac...
por Aline Netto

Quando os 30 estão para chegar, coisas acontecem, na nossa vida e dentro da gente. Tem isso de astrologia e Saturno que eu não entendo, mas uma amiga disse que ele faz a gente mudar drasticamente e tal. A minha mudança foi largar um emprego que me fazia infeliz e todas as consequências boas e ruins disso. Amém que sou econômica. rs

Eu entrei em crise, confesso. Não vivi os 29 sem pensar nos 30. Botei metas na minha vida que só vão até essa idade, claro que, quando ela passar as metas continuarão ali, mesmo porque poucas foram as que conquistei. E, a não ser que seja vontade divina ou do destino ou do acaso (para os não crentes no divino), a vida só acaba depois dos 30 para quem morre, né. Então o jeito é seguir pelo caminho que se mostrará.

A questão é que a gente vê tanta coisa acontecendo no mundo que parece tanta coisa... É isso mesmo, tanta coisa que parece tanta coisa, especialmente quando se refere a essa idadezinha que, acho eu, só Balzac admirava.

Parece que por aí todo mundo casa, tem filho e é bem sucedido. Parece que acontece antes dos 30. Parece que só não aconteceu com você. Parece que todo mundo corre atrás de barriga negativa, que quer fazer uma força imensa para parecer eternamente jovem, que envelhecer é ruim. Parece que agora todos os clichês fazem sentido, que cabelos brancos se multiplicam muito mais rápido (homens são sortudos, pois ficam mais sexies) e que há músculos no seu corpo que você só sabe que existem porque doem. Parece que a grama do vizinho é realmente muito mais verde e bem aparada e a decoração do jardim é uma coisa digna de revista Caras. Parece que agora Inês é morta há muito mais tempo do que você imaginou que a pobre tinha morrido.

Mas fora tudo que parece, tem algumas coisas que são a pura verdade. Sabedoria acontece.

A gente tem uma sabedoria das coisas que fazem os nãos serem mais categóricos e muitas vezes silenciosos, que as pessoas que te achavam boazinha começam a te achar super sincera, que você se torna super sincera, mesmo porque, você já passou da idade de aturar e adular todo mundo. 

A gente, mesmo um pouco fora do peso, se sente mais bonita, se valoriza mais em todos os sentidos: profissional e pessoal. A gente passa a saber que amor não é cortar os pulsos por um cafa qualquer, que o homem ideal é aquele que sabe conversar e rir de si mesmo, que é aquele cheio de defeitos mas que faz um omelete maravilhoso. A gente sabe. E isso é incrível, pois até os 25 a gente só ouve, dos pais principalmente, o quanto a gente não sabe nada.

Fica, então, bem claro que fazer 30 anos é ter mais tolerância consigo mesmo, é buscar na independência a libertação para as coisas simples. É perceber que desde os 15 se passaram 15 anos, é ver que apesar de por dentro a gente ainda se sentir uma garotinha, já temos idade para construir família sem deixar as pessoas de queixo caído. Fazer 30 é perceber que os dogmas e paradigmas que nos ensinaram podem não servir para a gente, que temos escolhas, aquelas que quase nunca nos disseram que teríamos.

Ok que muita coisa eu ainda não entendo, e nem sei se vou entender quando tiver 60, mas confesso que me sinto mais segura em agir a respeito de determinados assuntos, em determinadas situações. Hoje eu sou mais comedida, por assim dizer, guardo para não gritar. Vejo que evoluí e evoluo cada dia mais, pois percebi que apenas eu mando no que diz respeito a minha vida. É uma constatação óbvia, porém não tão óbvia na prática, pois nem tudo depende só da gente para funcionar (e isso é outra coisa que fica clara).

E dessa evolução, posso dizer que é a primeira vez em 30 anos que não espero nada de ninguém no dia do meu aniversário. Não espero a festa surpresa que nunca tive, não espero um presente sensacional e nem declarações de amor. E isso de não esperar nada de ninguém, para mim, é a maior evolução que o meu ser pode ter.

E se você não teve crise para chegar até aqui, meus parabéns! Mas lembre-se que ninguém é menos humano ou mais problemático que ninguém. Uma coisa que aprendi na caminhada de ser adulta é que o problema de cada um é realmente de cada um, e não adianta colocar panos quentes sobre seus próprios sentimentos e muito menos ter um discurso positivo e uma atitude negativa. Gritar pro mundo que se é feliz sem ser, ou querer parecer o melhor ser humano do mundo pra todo mundo e não dar bom dia pro porteiro, não te faz uma pessoa melhor ou mais bem resolvida. Se há lamentação pelos 30, se vai haver pelos 60 é problema de cada um que sente, e hoje você pode não sentir, mas amanhã quem sabe. Então aprender com a idade é aprender a respeitar as diferenças e as individualidades de quem anda ao seu redor.

No caminho até aqui eu fiz mais amigos que inimigos, estudei que nem uma louca, já tive minha porção zumbi de tanto trabalhar, levei na cara, perdoei, excluí, tomei meus porres, dancei até doer o pé, fui ruiva, morena e loira, tive crise de idade, amei, desamei, senti raiva e amei de novo. Continuo na luta que é viver, tentando achar a leveza e o equilíbrio da alma, da vida, do amor, da amizade. E hoje depois de 30 anos, eu posso dizer que virei adulta, hoje eu sei que cresci.

Um brinde a mim, aos 30 e a maturidade sem seriedade exacerbada! Um brinde a vida de quem vai completar três décadas inteiras!

Aline Netto, esta que vos escreve sempre, está fazendo 30 anos hoje, é publicitária, tem aqueles sonhos a serem realizados, bate ponto aqui no blog e na Fan Page https://www.facebook.com/DevaneiosdeMadrugada.


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