20/06/2016


. Aceitação .



Toda segunda-feira eu tento me convencer de que sou bonita, de que amo meu corpo, de que tudo o que a sociedade prega em relação a ser uma tábua de passar roupa não é correto. Porém é muito difícil.
Muito difícil se convencer todo dia que aquela roupa está ok, muito difícil se convencer que há beleza quando você está acordando de cara inchada, muito difícil quando ao seu redor todos que você conhece estão extremamente preocupados em relação ao corpo, a como se vêem e como as pessoas os vêem.
Tenho uma tendência gigante a engordar, tanto por parte de pai como por parte de mãe, no nível comi alface engordei. Fui muitooooooo magra quando adolescente, mas a partir dos 18 anos meu corpo começou a se modificar, normal, mas não foi fácil. Não foi e não é. Pois quem sempre conviveu comigo ainda acha que eu tenho que voltar ao corpo de quando eu tinha 14 anos, e desculpe, minha gente, isso não será possível.
Todos os dias eu acordo com o peso de me adequar ao que a sociedade quer, ao que meus parentes querem, ao que todas as minhas amigas falam todo dia: emagrecimento. Sempre falo aqui que temos que nos aceitar como somos, e sim, acredito nisso imensamente, logo, não estou mentindo para vocês. Mas hoje senti a necessidade de escrever o quanto isso não é simples, entristece e é um peso (guardado os trocadilhos infames).
Por melhor que seja a minha intenção de me aceitar como sou, por melhor que sejam os resultados dos meus exames de sangue, por melhor que meu cabelo esteja, por mais que minhas calças entrem em mim, sempre (eu disse sempre) existe um peso do olhar do outro, principalmente quando o outro é alguém que você ama muito ou alguém que só fala com você sobre TUDO que você NÃO PODE comer, ou o que você TEM que fazer para sair dessa de ser maior do que deveria.
Não é simples, queridos, não é. A gente é o que é, tem os problemas que tem, gosta de determinadas coisas ou não. Exemplo máximo: não curto academia. Amo outras coisas, mas academia não é a minha, odeio, me faz chorar (nesse nível de ódio). E porra, tenho lá meus 32 anos e não devia ouvir mais de quem me conhece muito e sabe disso, que eu deveria correr na esteira. Sério, apenas parem!
Eu quero que vocês entendam que não tem nada de mais estar a cima do peso, e isso eu também tenho que entender. Eu quero que vocês, que conhecem pessoas acima do peso, parem com o discurso de magreza imposto pela sociedade que lhes rodeia. Eu quero que você tenha empatia com quem sofre por não se amar tanto quanto você acha que ela deveria. Eu quero que você reflita o quão mal você tem feito a essas pessoas que se amam do jeito que são, o quão crítico você é com essa pessoa. Eu quero que você pare de perceber só o que é aparente nela e passe a perceber o que existe na mente dela, no coração dela. Eu quero que você ouça essa pessoa que você acha que tem que ser magra e saiba dela se é isso mesmo que ela quer da vida.
Eu quero que você que está lendo esse texto pare e reflita, e pense se você é feliz sendo o que você é, pense se você está fazendo alguém triste, se você tem o direito de fazê-la assim (pra ajudar: você não tem o direito de fazer ninguém infeliz).
E para mim mesma: eu vou continuar tentando não me abalar e só ouvir o que me faz ser mais forte, mais feliz, mais empoderada. E que esse seja um exercício de vida para mim e para vocês também. Sigamos juntos na busca por nós mesmos.

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