02/05/2008


. Eu tento .

Eu sofro de dúvida constante. Admito! Sofro da síndrome do "se". Sofro.

Sofro para ligar para quem gosto, sofro para dizer o que eu penso, sofro para manter um ponto de vista, sofro por pensar demais no que vai acontecer, e no SE vai acontecer, sofro por procurar porque em tudo, sofro por tentar achar razões na vida, sofro por acreditar que estou aqui por algum motivo especial, e me sinto fraca de tanto sofrer. Sofrimento assim cansa, cria ansiedade, expectativa, cria decepção. Sofro e não entendo.

E desse sofrimento decidi mais uma vez mudar. Mudar e fazer tudo no impulso, viver um dia de cada vez, falar o que penso, ouvir o que não quero (maior causador de sofrimento), acontecer como não imaginam que eu possa. E mudo, todo dia, numa atitude ou em outra; num pensamento ou num ato, eu simplesmente mudo, faço diferente do que já tinha feito ou simplesmente faço como jamais fizera antes.

Porém, nem sempre obtenho resultados satisfatórios. Ajo como se nada fosse me abalar, como se nada importasse realmente, ajo com toda a força do universo e se acho por algum motivo que algo vale a pena, caio de cabeça. E chego a emburrecer, chego a ficar cega na sede de conseguir chegar ao caminho que pretendo. E ensurdeço também, e só ouço o que me favorece nessa luta e acredito piamente que realmente valha a pena.

E perco o medo de ligar, o medo de falar, o medo de agir, perco a timidez, perco. Sou insistente, corro atrás, mesmo que demore para entender que não é bem aquilo que estou vendo, ouvindo ou sentindo. Mas me perco em devaneios sem sentido também, me perco nos pensamentos que me fazem agir assim.

Sempre fui assim, sempre corri atrás do que eu queria, mas tinha perdido isso no meio do caminho - achei que tinha - e quando acordei daquele sono profundo em que me encontrava, percebi que essa 'qualidade' sempre esteve ali e nunca me abandonou. Desde então eu tento.

Tento não me sentir ridícula por estar fazendo algo que eu quero, tento não me menosprezar por algo que acabei de fazer e não obtive o resultado pretendido. Tento. Todo dia. Acordo tentando, vou dormir tentando. E sabe? Acho que é assim mesmo. No amor, no trabalho, na amizade. Acho que a busca da felicidade está em tentar, e eu estou tentando.


*** Hoje fiz uma coisa que sempre fui contra, liguei, hoje eu liguei. Liguei e fui uma idiota. Gaguejei, não falei o que queria e fiquei esperando ele falar. Mas como né? Se quem queria falar era eu. Ficamos naquela conversa idiota: “Oi! Tudo bem? Então tá, tchau”. No fim das contas voltei do trabalho andando por mais de 3 bairros de São Gonçalo. E quando cansei, peguei um ônibus, sentei no banco e comecei a digitar no celular a mensagem que eu achei que ia consertar aquele papo ridículo. Não sei se consertou, mas eu tentei.

****E mesmo que eu me sinta ridícula novamente, mesmo tendo gaguejado ao telefone e mesmo tendo escrito o que escrevi, não me arrependo de ter tentado, não me arrependo de ser a única que acredita que ele vale a pena (e ele nunca vai saber disso).

. Nina .

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