25/07/2008


. Búzios .


Dentro do ônibus no caminho de volta lembrei de Búzios, de como gostava de nadar naquelas águas, de como a gente brincava naquelas areias. O mar... ah o mar! Ainda sinto as ondas dele em mim.

Eu devia ter uns 7 anos no máximo, Cassio tinha 3, Hana 9 e o Rapha 11. Éramos invencíveis, éramos desbravadores, éramos super fantásticos. Lembro a primeira vez que eles foram com a gente (engraçado não lembrar a primeira vez que fomos sem eles), foi tudo tão repentino. Lembro que papai passou na casa deles convidando e já com as malas dentro do carro e eles foram. Nós e eles, eles e nós. E aquilo se tornou um hábito.

Aprendi a nadar lá, Cassio também, ele melhor que eu - como em muitas coisas nessa vida - aprendi a ver a chuva de outro modo, aprendi a amar o mar, aprendi a respeitá-lo também.

Lembro dos mergulhos de Burunga na Azedinha, dos carnavais em que eu acabava dormindo sempre antes de ver o bloco passar, lembro de como o céu no ano novo era repleto de estrelas como em nenhum outro lugar (só fui ver um céu parecido em Ponta Negra, mas outro dia eu escrevo sobre isso), lembro de como ninguém conhecia a cidade como a gente, lembro de Hana reclamando dos ouriços, do Rapha sempre implicando com a minha pessoa, lembro de Cassio, um pingo de gente, achando que podia fazer tatuagem com agulha.

Hoje eu vou fazer 25, Cassio tem 21, Hana tem 27 e o Rapha vai fazer 28. Os sonhos mudaram por certo, eu não durmo mais antes do bloco passar, Cassio nem sequer pensa em fazer tatuagem, Hana nunca mais deve ter pisado num ouriço e o Rapha não mais implica comigo.

Foi bom! Sinto falta daquele tempo em que a gente era mais unido, sinto falta daquele tempo em que a gente achava que o mais longe que poderíamos ir no mundo era até Búzios. Sinto falta do mar, daquela imensidão e das vezes que olhava o horizonte tentando entender o que o horizonte era (ainda o faço). Sinto falta daquela Aline que ainda não era Nina, daquela Aline super tímida, magra quase esquelética, cabelos enrolados e dourados de sol, pele dourada idem, inocência pura, amor de criança, educação em pessoa, jamais havia proferido um palavrão sequer. Sinto falta dela, pois ela não sabia nada da vida. Sinto falta dos peixes que comíamos na praia, dos cheiros dos temperos, dos macarrões com salsicha que nunca mais foram os mesmos, sinto falta daquela casa, das papoulas que escalavam as escadas, da casa em frente que tinha um quê de mal assombrada, sinto falta da minha praia.

Um dia quando tudo der certo ou errado também, eu vou para lá. Comprarei uma casa e olharei o pôr do sol, o mar, os barcos, sentirei aquela brisa de fim de tarde e deixarei meus cabelos voarem sem pudor. E nesse momento uma lágrima de felicidade escorrerá pela face, pois terei cumprido uma etapa, realizado um sonho e terei voltado para Búzios de onde eu nunca deveria ter saído.

. Nina .

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