. Coisas que não são minhas .

Eu adotei o minha linda dele. Eu adoto. Adotei a liberdade dele, adotei a malandragem dele e até o jeito de beber cerveja. Adotei a mania de farra, o dançar que já era meu se tornou mais frequente. Adotei ele.

Adotei o jeito surfista de falar de um ex, o jeito caseiro de Ricardo, os trejeitos das amigas, o flor da Pri, o chuchu da Dani, o que bonitooo da Élida, o querida da Lua, o amada da Gil, o jeito engraçado de Fernanda falar as coisas, a ironia de Cássio, as palhaçadas de papi e a serenidade de mami. Eu adotei.

Eu adoto.

Incluo em mim coisas que não são minhas, por convivência, por conveniência, por comodismo, por achar lindo o jeito que eles falam, por achar carinhoso, por achar original. Adoto naturalmente, sem pensar, apenas adoto.

Tenho adotado as atitudes também, algumas nada convenientes, outras nada a ver comigo, umas que calam ao extremo, outras que falam exageradamente. Adotei para sobreviver e também para tentar me encontrar no meio disso tudo.

E é bom. Adotar jeitinhos e palavrinhas me fazem sentir mais perto deles, me fazem sentir menos sozinha, me fazem sentir mais completa, me fazem sentir mais eu. Engraçado isso.. me sentir mais eu nos outros, em coisas que não são minhas e são.

Também tenho os meus jeitos que são só meus: o jeito de colocar o cabelo atrás da orelha mesmo que ele não esteja incomodando, o jeito de sorrir alto quase vergonhosamente, o meu ô, o meu jeito de falar insandecidamente, o meu jeito de rir de tudo até na hora de chorar, o meu jeito de reclamar do trabalho toda vez e sempre, a minha extrema capacidade de ser chata quando eu quero, a minha mania extrema de me doar pelo outro, o meu jeito Madre Teresa de ser, o meu jeito de lutar pelo que acredito.

Enfim, mil coisas que tenho que são só minhas, mas que no fim, sem a participação de outros, me fazem vazia e solitária.

Então adoto, mesmo! E eles fazem para sempre parte de mim.

. Nina .