23/11/2008


. Cartas que não enviei . Volume 5 .

Meu amor,
Eu evolui, eu aprendi com você, com os erros, com os acertos. Ainda aprendo. Aprendo a me controlar, a me adaptar ao seu gênio tão forte quanto o meu. Aprendo a controlar os surtos que me afastam de você, dessa dita paranóia a qual você sempre me lembra existir. Aprendo a ser mais eu, aprendo a entender mais você. Aprendo a me adaptar às circunstâncias, aprendo a mostrar mais minhas qualidades e fazer delas presença cada vez mais forte em mim. Aprendo a ser mais positiva. Aprendo com você.

O que está engasgado aqui hoje não é tudo o que aprendi ou não, o que está engasgado aqui hoje são as coisas que você não vê em mim. É, querido, têm coisas que você não conhece em mim, têm coisas que você não percebeu em mim ainda.

Eu não sou menina que se desespera em tempestades, não sou fraca como tenho parecido ser, não sou maluca, não sou covarde. Você ainda não percebeu que eu luto, que eu me dou até o último fio de esperança, você ainda não percebeu a força que eu tenho dentro de mim, as atitudes que tomo a seu favor, você não pecebeu o quanto eu sou verdadeira com você, sincera, não percebeu que exponho meus defeitos por confiar que você vai entendê-los. Você, meu anjo, não percebeu que eu perdôo as falhas e não as relembro no final do dia.

Eu sou uma pessoa para se ter, querido, eu sou. Sem falsa modéstia, não sou modesta, eu sou boa, eu sou maravilhosa, amor, e você percebeu em mim apenas uma menina confusa, no meio de um turbilhão de emoções, e eu, querido, sou bem mais que isso. Eu sou uma pessoa para ser cuidada, amada, eu mereço, eu sei. Eu sou amiga, eu me esforço, faço das tripas coração por quem eu amo, eu sou tranquila, eu luto de espada na mão pelos meus, pelos que quero bem, pelos que me permitem amá-los.

Permita-se, amor, permita-se. Eu me permiti todas as vezes que você pediu que eu me permitisse. Permita-se a me conhecer, a entender que eu sou uma pessoa que prezo o sentimento, que eu sou uma pessoa que transborda em sentimentos, eu sou o próprio sentimento. Permita-se a ter a sorte de conhecer esse mundo, meu querido, de sentir o estômago cheio de borboletas, permita-se.

Você precisa saber que eu estou aqui, que eu erro, que eu sou de carne e osso como você, que meu pedido de desculpas é sempre muito sincero, que raramente eu cometo o mesmo erro duas vezes, que eu tenho mania de amar demais, de dar amor demais. Você precisa enxergar o que você não está, você precisa ver que aqui tem uma pessoa para te amar, para ser amada, para pedir penico quando necessário, para pagar paixão, e que não tem vergonha disso, que se orgulha até de ser assim.

Eu não sou daquelas super orgulhosas, talvez eu não tenha nem orgulho, querido, eu dou a cara a tapa, a outra face, eu dou as chances necessárias, eu zelo pela minha escolha, e você sabe, eu escolhi por você, por mim, por nós dois.

Então, querido, o que eu estou tentando te dizer aqui é que eu estou me despindo de tudo, que eu estou sendo transparente, amor, que como eu te disse eu não vou desistir, mas querido, assim como você tem um limite para a minha verborréia, para o meu descontrole com as palavras que às vezes saem sem freio e que nem sempre querem dizer o que dizem, eu também tenho um limite para o seu silêncio, para a sua capacidade de não resolver imediatamente o que acontece, tenho um limite para o desprezo velado, para a indiferença que nasce do seu descontentamento.

Então, amor, meu anjo, eu disse o que eu tinha de dizer, estou esperando para te ouvir, e saber que você enxerga em mim mais do que qualquer outra pessoa no mundo, assim como eu enxergo em você o que ninguém mais enxerga.

E, meu anjinho, valorizemos os momentos, os doces de abóbora em formato de coração, os sambas do Exalta que dizem tudo de nós, as músicas da Pitty, o tremendo gosto pelas mesmas coisas, os passeios de fim de tarde e de madrugada, o amor que sentimos só de saber que o outro existe, os segundos que nos olhamos eternamente para matar saudades infinitas.

Eu amo.
Você sabe.
E eu não preciso mais dizer e nem pedir desculpas, apesar de fazê-lo.
Eu preciso.
Você sabe.
Não tenho vergonha de dizer.

Permita-se viver esse amor tão nosso, como eu disse.
Permita-se, meu amor, eu sei que nem você e nem eu vamos nos arrepender disso.

. Nina .

Um comentário:

 
Desvaneios de Madrugada - Copyright © 2016 - Todos os direitos reservados.
imagem-logo