25/01/2009


. Desculpa aí, vai .

Tenho a terrível mania de me desculpar - das maiores só perde para a mania paranóica de achar que o mundo desmoronará na minha cabeça e eu serei abandonada a qualquer instante - me desculpo de tudo para todos em qualquer circunstância, inclusive quando quem tem que se desculpar não sou eu.

Na maioria das vezes me desculpo por achar que sou fardo muito pesado nas costas dos meus amigos, sempre acho que estou torrando o saco falando daquele mesmo assunto (lê-se relacionamentos amorosos) mil trezentas e oiteita e oito vezes seguida, me desculpo por desabafar com eles.

Me desculpo por ter pensado que ele pensou em me deixar (me achando a paranormal né) , me desculpo por ter ido com aquela roupa naquele lugar, me desculpo por surtar, me desculpo por comer o último pedaço, me desculpo por beber sem a presença alheia, me desculpo até para o pobre do cachorro quando chegou tarde e atrapalho o sono dele.

Levo muito esporro por isso, tenho uma amiga que me xinga quando sente que a palavra desculpa vai sair da minha boca. O libriano só emudece quando começo a pedir desculpas, acho que com ele nem efeito faz mais, claro, pois o efeito se acaba depois de tanto ouvir a mesma palavra sempre.

Não sei naum pedir desculpas, claro que as uso no momento certo também, quando erro peço desculpas, menos mal, pelo menos sei o uso correto delas. No seu modo positivo, pelo menos eu não tenho vergonha de pedi-las.

Mas o que me consome é o fato de que quem se desculpa com certeza se acha culpado de algo, e pensando assim vejo que ando com muita culpa carregada nos ombros. Quando comecei a escrever este post não tinha pensado nisso, mas agora, seis parágrafos depois, me parece muito óbvio.

Mas aí me pergunto: que culpa toda é essa?

Com o libriano é fácil, e isso eu explico num segundo, para ele peço desculpas por achar que tudo que eu faço só pode afastá-lo de mim, eu sei, são os dois defeitos do meu ser agindo juntos : a mania de desculpar e o medo de ser abandonada, a dita paranóia. Não sei se já disse que ele é um homem calado, logo o silêncio dele me faz crer que eu estou errando ali, o que não quer dizer nada se a característica do ser é não falar, mas tagarela que sou, me desculpo.

Com as amigas segue aquela premissa do pensamento que devo estar atrapalhando, enchendo os ouvidos delas com minhas caraminholas. Não acho que seja obrigação delas me ouvir, me apoiar, não acho que tenham a obrigação de ouvir meus desabafos. Logo, quando os faço, me desculpo.

Não queria me culpar, mas me culpo, não queria ter defeitos - afilnal quem os quer - mas os tenho, e me desculpar por tudo é um deles. Espero sinceramente melhorar nisso, ver que culpa não há em quem vive pelo que sente, culpa não há pela simples intensidade de viver, culpa não pela simples intensidade de amar, culpa não há em querer ser amada e ser sincera, culpa não há em ter em quem confiar para contar as coisas.

Espero melhorar e só pedir desculpas mesmo quando quebrar aquele vaso de porcelana da casa de alguém, ou quando pisar no pé do outro ou no rabo do cachorro. Espero melhorar e só pedir desculpas para quem amo quando realmente o magoar - que não aconteça e somente se acontecer.

Espero me desculpar somente quando realmente tiver que pedir desculpas.

Desculpa aí o texto enorme!rs




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