10/03/2012


. Revisita .

Há muito tempo não me revisitava, ontem quando cheguei morta do trabalho, me revisitei.

Peguei os escritos de 2007 e fui ver onde tinha errado, o que havia dado de errado naquele que deveria ser o meu happy end. E foi me chafurdando em mim mesma que vi o ponto onde eu e ele nos afastamos, ou o ponto onde não convergimos. Eu namorava, nessa época, há 6 anos e 11 meses, não chegamos aos 7 completos, na verdade, nem sei se chegamos aos 6. O fato é que naquele momento eu esperava dele a solução da minha vida, o meu projeto, o meu. Eu tinha 23 anos e queria casar com ele. Ele tinha 25 e não queria casar comigo. Simples. 

Eu o amava sim, amei a maior parte da minha vida, mas a verdade verdadeira é que queria que aquele relacionamento chegasse a algum lugar, tipo, que virasse a esquina. Lembro nitidamente de dizer que se ele apenas me desse uma aliança, eu ficaria tranquila ali mais uns 5 anos. O que eu queria dele era uma atitude. Ele não teve, ou melhor, ele até teve, mas não a que eu 'queria' e esperava. Queria entre aspas mesmo, porque na verdade eu só achava que era assim que deviria ser, eu achava que aquele era o futuro que eu queria para mim.

Me lendo, me revisitando, tirei um pouco da culpa dele, não que ele tenha feito certo, continuo (depois de quase 5 anos) achando que ele fez muito errado o que ele fez. Mas eu sei que eu também não estava satisfeita com aquela situação por N motivos, nunca por falta de amor, NUNCA. Amor não faltava, mas faltava todo um resto naquele momento, faltava toda uma estrutura para realizar o que eu queria e faltava, acima de tudo, vontade da parte dele de fazer o meu sonho ser o nosso.

Ele casou. Ele casou em 2009. E essa semana, soterrada por mil coisas que me deixaram mais pra baixo ainda, eu vi uma ou duas fotos do casamento dele, e por despeito ou não, achei que em momento nenhum, em foto nenhuma ele exalava felicidade. Mas aí, se isso é real, já é um problema dele. O meu problema é que aquela foto me afetou de uma maneira que eu não achei que afetaria, assim como o namoro do Costas também me afetou sem nem ter que afetar. E aí abriu uma torneira em mim, um choro, uma coisa qualquer que me fez chorar quase um fim de semana inteiro.

Acho, de verdade, que me tornei uma mulher melhor, na verdade, me tornei mulher depois dele. Me tornei a mulher que não poderia ser ao lado dele. Mas me doeu ver a foto por saber que ele realizou o que eu queria realizar com ele só que com outra pessoa, e pior, a pessoa que foi o pivô para a gente se separar. Tem mágoas que não saram, a gente só abafa, enterra, mas não morre de verdade e isso nada tem a ver com amor.

Hoje eu sou melhor, e nem é pra me sentir melhor não! E nem é pra me convencer, eu simplesmente cheguei além do que sonhei e esperava quando estava ao lado dele. Hoje eu já me formei, já fiz pós, já trabalhei em vários lugares, já me virei, já aprendi a dizer não, já sofri demais e amei demais outras pessoas. Hoje eu sou adulta, coisa que com ele não conseguia ser. E isso, eu sempre agradeço a ele, sempre. E apesar de ter sentido que minha vida tinha sido roubada pela pessoa que está com ele hoje, eu sei do fundo do meu coração que eu não seria feliz ao lado dele. 

Dói por sermos humanos, doeu porque eu já queria estar em outro patamar hoje que não o que estou  em termos de relações amorosas, dói porque ainda estou nessa luta de todo dia, de anos, onde a batalha final nem consigo enxergar pela frente. Dói todas as tentativas que fiz, faço e farei até dar certo, dói pelos erros das tentativas. Mas morrer, morrer mesmo, eu não morri. NENHUMA VEZ. 

Chorei sim, muito, mas não morri. Refleti sim, ainda estou, me revoltei com a vida, com Deus, mas estou aqui aprendendo todos os dias, lutando por dias melhores, lutando contra a solidão, mas estou aqui, de pé, persistindo, caminhando.

A gente aprende, a gente perdoa, mas só se olharmos para dentro de nós mesmo. Só se revisitarmos alguns lugares que preferimos deixar bem trancados. Antes eu não entendi, mas hoje, no auge dos 28 anos, hoje eu entendo que a gente só seria feliz se um dos dois cedesse, e nenhum de nós quis ou pôde naquele momento, mesmo eu sabendo que fiz tudo o que podia. É aprendizado, crescimento, sofrimento, sim é um saco, mas fazer o que?

A dica é revisitar-se de vez em quando, prometo que será renovador.

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