30/03/2013


. O contrário .


Do que era novo e tornou-se velho, ou seria o contrário. 

Permaneceu imóvel, sentado, sem pensamento algum que lhe fizesse querer sair do coma onde se encontrava há meses. Não parecia disposto a nada mais que duas ou três doses de tequila. 

O álcool lhe fazia sentir o mínimo de vida que ainda restava naquele rosto pálido. Diante do caos era mais feliz do que no marasmo dos dias sem fim que a calma lhe trazia. Desvinculou-se de tudo que o fazia lembrar do outro tempo em que tudo acontecera. Era, agora, múmia de si mesmo, paralisado, imóvel, aturdido por pensamentos que nem ele sabia de onde vinha. 

Não havia cheiro, não havia identidade, não havia. Morrera em si mesmo, acabara, era o fim. Não sabia qual caminho deveria seguir que não aquele onde havia aquela calmaria que tanto odiava. Preferia os copos quebrados que cortavam cada pedaço da esperança que poderia aparecer. Sentia falta do chão que se abria diante dos seus pés. Não sabia lidar com aquela paz. 

Mas quando ela levantava da cama, e sentava ao seu lado naquele sofá gelado, tudo esquentava, o caos não parecia tão atraente e tudo que era paz e calma, e tudo que era escuridão e álcool, tudo ficava muito mais interessante. 

Do que era velho e tornou-se novo, e não mais o contrário.

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