15/05/2013


. Vodka e terapia .

Tem aí mais de um ano que eu tenho sido polida com as palavras. Um dos motivos é ter aprendido, duramente, com a vida que nem tudo deve ser falado e que toda vez que a minha guarda caía, toda vez que eu falava algo importante para mim, aquilo acabava de alguma forma se tornando algo a ser usado contra mim. 

Não foi uma vez, foram diversas vezes e acredito que isso aconteça com a maioria das pessoas sãs desse mundo de meu Deus. Então quando fui solicitada, apoiada, convencida a voltar a escrever sobre mim, sobre meu mundo, sobre minha visão da vida, pensei muito (e põe muito nisso). Decidi acatar ao apelo daqueles que gostam do blog, pois além de saciar a esses seguidores que realmente curtem meus escritos, eu saciaria uma vontade de ser menos séria, de ser mais eu mesma, de promover um reencontro de Aline com Aline. Se é que dá para entender.

Então eu vim aqui, mudei tudo, fiz uma confusão dos diabos com troca de layout (ainda to fazendo), com troca de endereço (tb ainda fazendo) e com troca de humor, de inspiração, de espírito. Afinal eu meio que achei que deveria baixar a escritora ensandecida e só escrever textos bonitos e sérios e tal. 

Agora estou tentando ser menos polida com as palavras novamente, tentando restabelecer uma conexão comigo mesma. É meio que abrir o coração de novo e por conta disso, e na idade que estou e tendo me acontecido tanta coisa já relatada nesse blog, é por isso que estou apavorada. Pois quem lida com as palavras, quem em 2013 faz um blog pessoal, quem ainda tem essa pegada, essa pessoa corre tanto risco de ser careta, de ser brega, de ser melancólica, de se fuder de verde e amarelo porque sempre tem quem ache que aquele texto ou aquela frase é uma indireta, corre o risco de ter algo que falou usado contra si (como disse no começo). 

A diferença é que hoje não sou mais a menina de 20 e poucos, sou a mulher à porta dos 30 e isso faz uma diferença avassaladora. E também pode ser considerado super patético, já que porra, com 30 você deveria estar fazendo algo mais que se preocupando em relatar qualquer coisa para pessoas que você nunca viu na vida. Mas que importa, né? Desde que comecei aqui em 2008, uns 6 anos atrasada, eu falo mais para mim que para os leitores. Há quem se identifique, há quem cresceu comigo, quem cortou os pulsos em fossas a base de músicas da Bethânia, quem riu das minhas sandices, quem concordou com qualquer opinião mais séria que fosse. 

Acontece que nem eu sei mais porque estou escrevendo esse post. Não sei se foi para falar do medo de ter algo tão íntimo sendo jogado na minha cara, ou se foi simplesmente para desabafar a alma diante das pequenas verdades que o meu coração necessita hoje em dia. 

Aqui me tornei mulher, meus textos mostram a evolução, aqui eu sou eu, ás vezes um eu de grandes amores, outras vezes uma escritora que acha que fala algo além do comum, e que acha realmente que escreve melhor do que outros. Pretensiosa, só que não. Diria mais, diria que meu coração pulsa na ponta dos dedos, e se há um motivo para voltar a escrever (com frequência) o motivo é esse: meu coração pulsa na ponta dos meus dedos. Ele nem sabia disso, mas enxergou quando mandou eu sentar a bunda na cadeira e escrever tudo de novo, mesmo que fosse me custar algum preço, alguma dor, alguma dose de vodka e terapia. 

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