23/06/2013


. O movimento, a rede social e as gerações .

Não sei se já falaram sobre isso, mas como fui inflamada por uma discussão política durante a tarde desse domingo de inverno com cara de inverno, lá vou eu me aventurar a falar sobre algumas impressões que tenho do movimento instaurado no país nessas últimas semanas.

Como publicitária e profissional/estudante eterna de Marketing totalmente pouco engajada politicamente, se é que já houve algum engajamento da minha parte na vida, a não ser reclamar de alguns serviços prestados por certo órgãos públicos, eu fico sem entender como é que coisas tão claras não são claras para aqueles que lutam pela causa há tantos anos.

A primeira percepção que tive, como publicitária, foi que gritos de guerra e hastags (tá, daqui a pouco falo sobre a dita e bem dita 'rede social') foram retirados (me corrijam, por favor) de campanhas publicitárias: #ogiganteacordou de Johnnie Walker e #vemprarua da Fiat. E isso, para mim, diz muito sobre os jovens envolvidos nessas manifestações. Essa geração nova, y, x, z, ou sei lá que letra, foi gerada num mundo que absorveu o capitalismo e o consumo de forma a caracterizar personalidades, de forma a tomar para si slogans como gritos de guerra. Não acho que seja ruim isso, muito pelo contrário, essa geração (um pouco da minha também), é uma geração do imediatismo, do 'pra ontem', das mobilizações em prol do que acreditam sem necessariamente ter que fazer parte de algo maior. O que eu acho engraçado é o conflito entre aqueles que foram às ruas antes,  a geração do 'abaixo a ditadura' que não consegue entender o quão simples pode ser a explicação para o que vem acontecendo, simplesmente por terem sido crias de inflamações diferentes às que fazem o jovem de hoje irem para as ruas.

Outro ponto interessante sobre o que anda acontecendo e a diferença das gerações é a estranheza que a chamada rede social cria nessa geração dos nossos pais, dos avós, daqueles que praticavam uma política social de forma diferente da que tem acontecido. A rede para eles é tida quase como uma entidade, como se ela resolvesse sair às ruas, como se a rede mandasse as pessoas saírem ás ruas. O que eu tentei argumentar e não sei se ficou claro, até porque na quentura das discussão quase ninguém ouve a própria voz (combinar que acho isso sensacional), foi que a rede agrega, a rede é ferramenta nas mãos de quem se mobiliza. 

A Rede Social, as mídias sociais, já dizem a que vieram em seus próprios nomes, elas são SOCIAIS. A ideia fundamental é agregar as pessoas em torno de algum ideal, ela é fragmentada e ao mesmo tempo sólida o suficiente para dar voz a minorias e maiorias, fala-se o que bem entender, não sofrendo de censura por parte de quem expõe e muito menos de quem lê. E incita que as pessoas compartilhem ou não das mesmas ideias, cria novas discussões e incita mesmo até a discordância. E aí é que eu acho que a galera da geração 'abaixo a ditadura' tem dificuldade em compreender, pois para eles sempre haverá alguém que está contra ou a favor de forma a comandar a movimentação daqueles que têm algo a dizer. Só que quem tem algo a dizer nem sempre é representado por alguém, ou tem alguém que queira dizer a mesma coisa que ele. E aí a rede possibilita que você exponha o que sente, mesmo que sozinho, mesmo que ninguém concorde.

O que eu achei melhor em tudo isso que vivi nas últimas semanas, on line e off line, foi que se criou debates do tipo, com pessoas de todas as gerações envolvidas, hoje depois de muitos anos, e pela primeira vez para mim (eu tinha 9 anos na época do Collor) vi política ser discutida de maneira calorosa, aos gritos, aos sussurros, mas com uma liberdade incrível de percepção e de envolvimento. Claro que tem quem não entenda respeitar a opinião alheia, e quem não tem argumento pode se valer das mais diversas leituras para criar um, para construir uma opinião sobre os mais diversos assuntos e, olha que incrível!, poder até discordar da maioria se achar que deve.

Tem muita coisa a ser aprendida ainda, por nós de quase 30, para os mais novos de 20 e poucos e para a galera dos 40, 50, 60, e a REDE está aí para proporcionar o conhecimento, a aprendizagem, a comunicação entre essas gerações, pois a forma de fazê-la é totalmente diferenciada hoje em dia. 

Qualquer hora dessa vou escrever mais sobre como o marketing, a rede e o mundo fractal pode ser utilizado não apenas como ferramenta comercial, mas como ferramenta social, daquelas que podem mudar a forma como a gente vê a vida. 

Vai que ajuda a gente olhar as coisas por outros ângulos!

0 comentários:

 
Desvaneios de Madrugada - Copyright © 2016 - Todos os direitos reservados.
imagem-logo