Devaneios de Madrugada:
INQUIETAÇÃO
Sublime, dessas de porta de banheiro, frases escritas sem pé nem cabeça numa madeira sem cor descascada pelo tempo.
Inquietação da alma. Acontece quando menos se espera. Há uma mudança intercalando o pulsar de todo o corpo, o seu. Inquietação dos poros, diria.
Toda uma névoa querendo ser ouvida. Névoa falante? Discussões filosóficas a termos depois. Mas é como se voassem os pensamentos por todos os lados do si, do seu (novamente). Um si nada calado e enormemente alto, barulhento, inquieto, monstruoso. Daquelas frases que a gente nem imagina que vai sair da nossa boca e pasme: sai.
Inquietação literária. Essa conheço bem. Daquelas que querem papel pra ontem, pra já, agora! Inquietude. E tem essa palavra? Um verso, por favor.
Enlouquecidamente eu me proponho isso tudo.
Louca inquietação de domingo à noite, quando se desperta para algo novo que, embora não seja hora, aparece, acontece e 'bum'! Explode quente no seu rosto.
Não há de ser morna essa vida, tenho certeza. Com tanto sentimento e gás hélio para fazer todos esses balões voarem tão alto. Não há de ser quieta no sentido de monotonia. Há de arder na pele e nas chamas que vivem dentro da alma esperando o momento de acenderem novamente, ou já, ou por algumas horas.
Há de ser inquieto e poderoso. Há de haver redundantemente inquietação: sempre.
Aline Netto - Devaneios de Madrugada
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