25/04/2020


. Relato de quarentena n°1 .

2020 minha gente. DOIS MIL FUCKING VINTE. E o que o mundo nos tráz? Pandemia. 

E aí fui quase obrigada a entrar nesse site já cheio de teia de aranha, largado às traças. Tem como não escrever qualquer coisa que seja? Não tem.

DOIS MIL E VINTE. DORMILEVINTE. Cacete!

Caos pouco é bobagem.

Cenário político nacional pegando fogo. (já falei ForaBolsonaro hoje?) Dados que realmente importam sendo ignorados. E a gente aqui seguindo o baile sem saber onde o baile vai dar, não é mesmo? E a gente aqui tendo que lidar com todos aqueles sentimentos, sendo sozinhos, acompanhados, com filhos, sem filhos. Andando contra a corrente, porque à favor vai levar a gente pro precipício.

Eu já nem sei mais se calo ou se falo. Se deixo sentir ou finjo que no auge dos meus 30 e muitos tudo que é urgência não é tão urgência assim. Mesmo porque se pensar demais a gente relativiza tudo ou surta totalmente pensando 'como que eu cheguei aqui, eu só tenho 36 anos'.

Ao mesmo tempo que muitas coisas simplesmente ficam menores. Eu vejo pessoas ao redor com questões que para mim, por conta da idade mesmo, não fazem nem cócegas mais. E não é por serem questões vazias ou não válidas, elas são válidas, mas é que já se passou tanto tempo e tanto sentimento para determinadas coisas fazerem doer. 

Claro que outras coisas doem. Isso inclusive é algo que também se aprende envelhecendo: há coisas que não param de doer, ou novas coisas que fazem doer também. Mas não é essa a graça da gente estar por aqui ainda?

Claro que outras coisas fazem sorrir também. 

Todo amanhecer e entardecer. A cor azul do céu que muda de azul dependendo da hora do dia e que eu só percebi agora, olhando pelas grades do apartamento.

E aí que eu penso: se não refletirmos sobre nada da nossa vida, para que sair dessa zona que se tornou 2020? Afinal, não é possível, que tudo isso de coronavírus não tenha uma razão de ser. Tolinhos de nós não pensarmos na nossa própria vida, existência, querer, poder, viver. Nem vou entrar no mérito do planeta, pois se ele quiser ele expulsa a gente daqui, e tá quase né?

Se voltarei? Provavelmente. A sanidade sempre pede para que eu escreva quando a loucura está pra chegar. Inclusive prefiro assim.

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