30/01/2009


. Cartas que não enviei . Volume 6 .

Como sempre, meu querido, eu não sei o que acontece.

Dessa vez não me acometeu o desespero por inteiro. Sim, senti aqueles frios na barriga de quem tem medo de ser rejeitado mais uma vez, mas de alguma forma seu silêncio não me afetou como antes. E quando digo que não sei o que acontece não me refiro somente aos seus sentimentos. Eu, de agluma maneira, mudei.

De vez em quando vem uns flashes na cabeça, vem uns momentos tão nossos, uns momentos em que era óbvio que tudo aquilo que sentíamos era amor, é amor. Mas há uns meses atrás era um amor tão forte, tão sem dúvidas, tão perturbador que transbordava pela gente. Éramos inundados por aquele amor, perdemos a noção de tempo, espaço, ação, reação. E quando isso me vem a cabeça, eu lembro uma vez que brigamos, mas o amor era tanto que nem eu e nem você conseguimos dormir aquela noite. Lembro do meu telefone tocar às quatro horas da manhã naquele dia, e você do outro lado da linha estar desesperado de tanto amor, você não queria perder tudo aquilo que fizera tanto esforço em conquistar.

Era o amor que nos movia, insandecidamente, despretenciosamente, inesperadamente.

Não sei onde foi que as coisas começaram a mudar, na verdade até sei, sei porque distância nunca fez bem a ninguém, pelo menos a nenhum apaixonado. Distância para mim serviu para ver que te amava do jeito que você dizia me amar, mas ao mesmo tempo nos deixou redundantemente distantes. Na verdade, você voltou diferente, não uma mas duas vezes. Eu compreendi, eu compreendo desde então, porém alguma coisa mudou em nós dois.

Hoje eu quero te amar e ponto, mas não amarei sozinha, querer está longe de poder e isso eu entendo. Hoje seu silêncio virou o meu, entende? O seu silênco me fez silenciar esse sentimento que me corroe todos os dias pelo próprio silêncio existir. Talvez tenha sido isso o que mudou em mim, e foi.

Antes, meu amor, eu falaria barbaridades, eu reagiria, ligaria, bateria o pé, te imploraria pelo carinho que eu preciso e continuo precisando, mas hoje não. Hoje eu não me importo, dói não me importar, não pense ser fácil para mim. Hoje eu não sei mais o que fazer e se você me conhecesse bem saberia que para eu não saber o que fazer é porque a situação me deixou fraca, desesperançosa, sem armas para lutar.

Quero ter armas, quero jogar minhas tranças para você subir, recobrar a felicidade, lembrar de antes sim, mas principalmente construir novas memórias, principalmente continuar a escrever essa história, a história de um amor tão grande que nem cabe em dois corpos., tão grande que foi preciso duas almas idênticas para armazená-lo.

Quero somente entender o que acontece, querido. Só isso.

Dói em mim o que estou fazendo, como estou lidando com isso dessa vez, dói pela saudade, dói por querer ouvir a sua voz, dói, mas passa. Amor, eu só quero ser feliz, entende? Só. E se for com você será melhor, será perfeito, com você será perfeição com certeza.

Entenda, que eu só quero ser feliz sem complicar as coisas ao meu redor, ao nosso redor, entre você e eu.


A quem amar a gente não escolhe, amor não analisa quem amar, simplesmente ama, e você sabe que eu estou aqui como naquela música da Pitty: "eu só fiquei aqui porque nós dois somos iguais". Eu estou aqui porque você me quis aqui, eu estou aqui porque era para eu estar aqui, eu estou aqui porque eu levo a sério isso que existe entre nós dois.

E se é pouco hoje, eu realmente gostaria que fosse muito depois, na verdade, é o que eu almejo.

Que seja, meu bem, que seja.

Te amo...


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